Essa é uma pergunta que você provavelmente já deve ter feito ou ouviu alguém questionar sobre, provavelmente ao ver imagens de serpentes engolindo presas muito grandes. Um dos principais motivos para essa curiosidade é que as serpentes são animais ápodas (sem patas) e que apresenta certa restrição na manipulação de suas presas. Ou seja, não tem como uma serpente fragmentar suas presas em partes, restando apenas a opção de ingeri-la por inteiro. Mas como será que isso acontece?

Como vimos no post “Anapsida, Sinapsida e Diapsida: a evolução do crânio dos tetrápodes” as serpentes pertencem à classe Diapsida caracterizada pela presença de dois pares de aberturas temporais: um par localizado na região lateral inferior e outro par posicionado acima deste, separados por um par de arcos ósseo superior e inferior. Ao longo da evolução, o crânio das serpentes perdeu o arco ósseo superior aumentando o cinetismo craniano (movimento relativo de algumas partes do crânio independente das outras partes) das serpentes.

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Evolução do crânio das serpentes

Esse cinetismo craniano permite que as maxilas das serpentes se movimentem amplamente. Além disso, entre as maxilas existem oito articulações que aumentam o grau de complexidade de movimentos. Durante a ingestão de presas, as maxilas podem se mover e aumentar a área da boca da serpente para que a presa consiga ser engolida.

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Expansão da boca

Na parte inferior da boca, as mandíbulas se encontram conectadas apenas por músculos e pelo tegumento, permitindo que elas se expandam lateralmente ou se movimentem para frente e para trás de forma independente. Durante a ingestão de presas, as mandíbulas podem se mover lateralmente, por não estarem conectadas uma com a outra, fazendo com que o tamanho da boca aumente permitindo a passagem de presas maiores que o tamanho original da boca da serpente.

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Engolindo a presa

Durante a deglutição, os dentes mandibulares e pterigóides de um dos lados da cabeça são cravados na presa e a cabeça sofre uma rotação, deslocando a maxila oposta para frente, enquanto a mandíbula se desloca para frente e prende a presa ventralmente. Esse movimento vai se repetindo até que a presa passe pela boca e seja empurrada para o esôfago, e posteriormente para o estômago onde ocorrerá a digestão.

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Próxima etapa: digestão

Espero que tenham gostado! Até a próxima!